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ACESSO À INFORMAÇÃO
O ano era 1914 quando a Europa se dividia em dois grupos, a Tríplice Entente (acordo entre França, Grã-Brethanha e Rússia) e a Tríplice Aliança (Alemanha, Austrália e Itália), para disputar suas zonas de influência na Ásia e em alguns territórios europeus, começa aí uma guerra em torno da disputa econômica. Em todos os países a opinião pública encontrava-se dominada por uma ardente febre nacionalista, nesse caso o menor incidente poderia servir de estopim.
A chegada dos Imigrantes
O estopim foi aceso e a bomba estourou, e vivendo entre os horrores de uma Europa destruída, banhada pelo sangue de milhões de inocentes, a única solução encontrada por muitas famílias foi a fuga para o Brasil. Mas para chegar a América do Sul os imigrantes passaram por toda sorte de privações e dificuldade, desde a desvalorização de seus bens na Europa, até a chegada as terras brasileiras onde eles foram surpreendidos com o calor de um país tropical , diferente do frio da europeu.
Nessa fuga para o Brasil vieram europeus, alemães e italianos que se encontraram com o índio, embora já civilizado mesmo assim amedrontava os imigrantes. E assim na dura fase do pós-guerra, chegava em Colatina uma caravana de imigrantes, coordenada pelo senhor Bertolo Malacarne, ele havia recebido a missão de desbravar o Norte daquela região, (hoje São Gabriel); o objetivo era formar um patrimônio que serviria como ponto estratégico para continuar sua árdua missão.
A caravana montou acampamento em uma mata ocupada por índios botocudos que habitavam por aqui, esse lugar hoje é o bairro Cachoeira da Onça. Mas a luta pela colonização estava apenas começando, um surto de impaludismo e malária veio para dificultar os planos do desbravador, eles então foram mais ao norte, chegando as margens de um córrego, onde a terrfértil alimentava a esperança de um povo sofrido que sonhava com a formação de um vilarejo.
O desmatamento
Iniciou-se então o desmatamento as margens do córrego, onde próximo dali encontrava uma aldeia de índios guaranis, nesse local foram definidas as áreas do lotes e construídas as casas dos colonizadores. A primeira casa foi a do senhor Anísio Mathias, que desempenhava a função de fiscalizar e impedir invasões e determinar a ocupação dos lotes pelas famílias, que deveriam num prazo de cinco anos construir sua casa, sob pena de ter seu lote transferido para outra família.
De acordo com os registros os primeiros habitantes do vilarejo foram as famílias de Horácio Coutinho, Cristóvão Barbosa, José Braga, João Gregório, Batista Bragatto, Étori Dalton, Pedro Angelo, João Spadetti, Virgílio e Jeronimo Camatta, Luiz e Vicente Colombi, Antônio Zani, Pedro Tartáglia e Telemaco Scalfoni. Na década de 30 foi firmado um acordo entre a Polônia e o Governo do Estado, estabelecendo a vinda de 400 famílias polonesas (Companhia Polonesa), para essa região, eles chegaram em Águia Branca e logo foram se espalhando pela região, a cada dois meses chegava em média 30 famílias, entre elas veio a família Glazar.
O desenvolvimento
Corria o ano de 1935 e finalmente o progresso se tornava realidade, a partir dai a Vila de São Gabriel contava com a assistência de um padre, o vigário era Franciszek Sokol e também da professora Ana Cavatti Colombi, (dona Anita), as aulas eram dadas numa “casinha” onde hoje é o Hotel D´Lorence, na época a sala do primário começou com 23 alunos.
A década de 40 foi também de grande importância para o progresso, uma vez que em 1941 chegou o primeiro farmacêutico, senhor Antônio de Souza. Em 1946 foi inaugurada a primeira estrada que ligava Colatina á São Gabriel. Nessa mesma data foram eleitos Eduardo Glazar, José Policarpo (Mineirinho) e Dr. Fernando Serra, esses foram os três primeiros vereadores que representavam a vila de São Gabriel na Câmara de Colatina. Sem dúvidas os anos 40 representaram muito para São Gabriel, pois em 1949, para fechar a década, São Gabriel passa a ser distrito de Colatina, o primeiro tabelião foi Ernani Souza Cardoso.
De Vila a Município
Iniciava-se a década de 50 e com ela mais sinais de progresso, nesse ano foi construído o Colégio Cristo Redentor (Ginásio) que era dirigido pelo professor José Francisco Detoni; em 1956 foi fundada a Paróquia de São Gabriel, que teve como primeiro vigário, o padre Simão Civalero.
Quanto a denominação do nome do município existem duas versões que até hoje motiva discussões, a primeira e mais conhecida é que na época da colonização havia um pescador chamado Gabriel e pescava no Rio São José, com sua morte a população resolveu homenagea-lo. Já a Segunda e melhor aceita conta que quando Bertolo Malacarne chegou aqui era dia de Arcanjo Gabriel e daí o nome surgiu o nome São Gabriel, quanto ao complemento da Palha, veio do fato das casas construídas serem cobertas com palha de coco, somente em 1937 foram surgiram as casas de alvenaria.
Em 1960, no Brasil a cantora Cely Campello fazia sucesso nas rádios de todo o Brasil com a musica estúpido cupido, nessa época o mundo passou por diversas modificações na política, essas modificações respingaram em São Gabriel, pois aumentava o desejo de emancipação, que era notório pois a vila era forte economicamente e politicamente também. A possível emancipação do distrito de São Gabriel não agradou os colatinenses, comerciantes e grupos estudantis deram início a protestos contra a emancipação; mas o desenvolvimento da vila era muito grande e sua representação política lutava para o ato.
O início da Emancipação
Em 20 de agosto de 1962 a indicação assinada pelos vereadores Eduardo Glazar, José Policarpo (Mineirinho) e Raulino Costa, na Câmara de Colatina (foto acima) pedia a emancipação de São Gabriel. Uma comissão liderada por Glazar foi montada para ajudar na articulação com o prefeito de Colatina e os demais vereadores, pois havia resistência em emancipar a Vila de São Gabriel; nela participaram os senhores Sebastião Pereira do Nascimento (Tatão), Romeo Joaquim de Souza, Antônio Guerra, Alberto Antônio da Silva, Antônio Genelhú e Ely Cardoso.
Um mês depois, a indicação foi aprovada, e em 02 de novembro através da Lei 1.837/63 a Assembleia Legislativa aprovou a criação do município de São Gabriel da Palha no dia 21 de fevereiro emancipando São Gabriel de Colatina, o ato de instalação porém foi feito em 14 de maio de 1963, na época o Governador do Estado era o senhor Francisco Lacerda de Aguiar (Chiquinho); ali se consolidava o sonho de Bertolo Malacarne.
A primeira Eleição
Nesse mesmo ano antes da eleição pelo voto direto, foi nomeado prefeito o senhor Mauro Ribeiro Garcia, que era funcionário da Coletoria Estadual. Em 1964 Garcia foi substituído por por José Sebastião Lacerda, que em 1965 passou o cargo ao Tenente do Exército, Petrolino Barbosa de Souza, este permaneceu no cargo até o ano de 1966, quando foi realizada a primeira eleição para prefeito e vereador; começava ali o ato democrático da população gabrielense que passou a eleger seus representantes tanto na Prefeitura quanto na Câmara Municipal.
Eduardo Glazar (MDB) e Mineirinho (ARENA) disputaram a primeira eleição, Glazar saiu vencedor, e em 31 de janeiro de 1967 tomou posse junto com seu vice Jovelino Souza Valentim. Os primeiros vereadores eleitos foram José Pereira, Batista Colombi, Ulriche Justo Milke, Cedemir Caprine, Jaimes Silva, Alvaro Lessa, José Pagani, Dário Martinelli e Eduardo Fischer.
Em 1971 foi realizada a segunda eleição e foi eleito Dário Martinelli.
Em 1973 Eduardo Glazar é eleito novamente.
Em 1977 Dário Martinelli é eleito para o seu segundo mandato dando continuidade ao desenvolvimento do recém criado município.
No ano de 1983 Anastácio Cassaro é eleito prefeito, após sua morte em 1986 assumiu o seu vice, Firmino De Martin. Anastácio Cassaro foi assassinado a tiros em Vitória.
Em 1988 a população elege Dr. Jair Ferreira da Fonseca como prefeito. Nesse mesmo ano o distrito de Águia Branca, foi emancipado e passou a ser município.
Em 1993 é eleito Dr.Luiz Pereira do Nascimento, que teve dona Julinha Cassaro como vice; a primeira mulher que ocupou o cargo. Nessa época foi construído o Ginásio de Esportes, Parque de Exposições e o asfaltamento da principal avenida da cidade.
Em 1994 São Gabriel da Palha perde um pedaço importante na economia, o então distrito de Vila Valério conquista sua emancipação, o ato foi publicado no dia 28 de março, resultado da luta dos então vereadores Luizmar Milke (Maca), Adair Grigoleto (Negão Grigoleto) e Cassimiro José Brunatti.
Em 1997 é eleito e assume o cargo de prefeito, Paulo Cesar Colombi Lessa, nessa época o município teve um avanço com a construção de ruas e de praças como a praça do bairro Boa Vista (Praça José Carlos Policarpo), Praça Izídio Borgo (Boticário) o chafariz da igreja Matriz e a praça do Colono com a estátua que simboliza a cafeeicultura. Nessa época São Gabriel da Palha alavancava na produção de café e recebeu o título de “A capital do café conilon”.
Em outubro de 2000 assumiu a prefeitura o então presidente da Câmara Antônio Belinassi de Andrade, até dezembro daquele ano.
Em 2001 foi eleito como prefeito, o médico Dr. Luiz Pereira do Nascimento, que renunciou e então assumiu o vice Getúlio Manoel Loureiro.
Em 2005 foi eleita Raquel Ferreira Mageste Lessa, a primeira mulher a chefiar o Poder Executivo, Raquel foi reeleita em 2009.
Em 2013 foi eleito o médico Henrique Zanotelli Vargas, nos cinco primeiros meses do mandato, assumiu a Prefeitura o presidente da Câmara, Braz Monfardini. Henrique Vargas reassumiu o cargo em maio de 2013 e ficou até dezembro de 2016.
Em 2017, foi eleita Lucélia Pin Ferreira da Fonseca, a segunda mulher a ocupar o cargo de prefeita.
No final de 1967, era inaugurada a primeira casa de saúde, que recebeu o nome de Hospital Dr. Fernando Serra, sob a direção do Dr. Antônio Soeiro Filho. Em 1970 foi instalada Comarca no município, com isso São Gabriel passou a contar com os três poderes constituintes. Nesse ano foi inaugurada a linha de telefone fixo, na época o prefeito era o senhor Dário Martinelli.
Em 1974 é instalado o Tiro de Guerra com a presença do prefeito Eduardo Glazar e do General Edmundo da Costa Neves, que também inaugurou-se a atual sede da Prefeitura Municipal.
Os principais acontecimentos
Heitor de Alencar inicia em 1948 a primeira linha de ônibus de São Gabriel á Colatina. Em 19 de maio de 1955 foi inaugurada o primeiro posto de combustível de propriedade do senhor Eduardo Glazar, que também trouxe o primeiro caminhão, na época um Ford F37.
No ano de 1952 iniciou-se a construção do primeiro cinema,de propriedade de Wicente Glazar e família, o filme da inauguração em 1955 foi O conde de Monte Cristo, o Cine Estrela funcionou até o ano de 1986. Muitas pessoas lembram com saudade os momentos que viveram no Cine Estrela.
Ainda em 1955 foi inaugurada a Igreja Adventista. No dia 20 de janeiro de 1960 é iniciada a construção da Igreja Matriz, as obras duraram 6 anos e foi arquitetada pelo senhor Alfredo Alves do Espírito Santo, inspirada pelo padre Simão Sivaleo, em uma igreja de Portugal durante uma viagem que fez, a inauguração aconteceu em 15 de agosto de 1966.
No ano de 1965 chega a energia elétrica por meio da Empresa Luz e Força Santa Maria no município. Em 1967 a principal rua, hoje Avenida Graciano Neves, recebe o calçamento de paralelepípedo. Em 30 de maio de 1968 foi inaugurado o serviço de abastecimento de água sob convênio da Prefeitura com a Cesan.
Na década de 70 foi instalada a rede de energia elétrica nos distritos de Valério e Fartura, inauguração do Fórum, inauguração da Escola Polivalente (Irmã Adelaide Bertochi).
No ano de 1975, foi fundado em São Gabriel o Lions Clube, o primeiro presidente foi o Sargento José Duque Sobrinho que também foi o primeiro comandante do Tiro de Guerra.
Em 1983 é inaugurado o Hospital Santa Rita, pelo médico Dr. Luiz Pereira do Nascimento.
No ano de 1990 na gestão do prefeito Jair Ferreira da Fonseca foi criado o Bairro Asa Branca e construída a Escola Centro Integrado Bem Viver, o Cibevi.
No ano 1994 no gestão do ex-prefeito Dr. Luiz Pereira do Nascimento a Avenida Graciano Neves é asfaltada, inicia-se a construção do Ginásio de Esportes e Parque de Exposições, que foi inaugurado em 1995.
No ano 2000 é inaugurada a praça com a estátua do colono no centro da cidade, o prefeito da época era Paulo Cesar Colombi Lessa. A estátua com cerca de 3 metros de altura é hoje um dos pontos turísticos e cartão postal do município.
Em 2005 é eleita a primeira mulher a ocupar o cargo de prefeita, Raquel Ferreira Mageste Lessa tomou posse junto com seu vice, Antônio De Nadai e administrou o município por oito anos seguidos.
Alguns nomes que contribuíram com o desenvolvimento econômico de São Gabriel ao longo de sua existência: Luiz Silva (coletor), Josias Pereira Lirio (comerciante), Ely Cardoso (coletor), Alberto Antônio da Silva (comerciante), Otacílio Guaitolini, Joaquim Rodrigues da Silva, Deolindo Rocha Loureiro, Eduardo Glazar, Dário Martinelli, Antônio Augusto Genelhú, Tatão Espanhol, Bartimeo Gomes de Aguiar, Padre Simão Civalero, Dr. Fernando Serra, Gustavo Milbratz, Caetano Cavatti, Batista Colombi, Vicente Colombi, Famílias Piekars, Canal, Milke, Montovanelli, Massucatti, Martinelli e Ferreira da Fonseca.
Economia
A economia de São Gabriel da Palha é baseada na cafeicultura, e na indústria de confecção, ocupando o ranking de terceiro maior polo de confecções do ES; o município também é considerado a Capital Nacional do Café Conilon, e o terceiro maior produtor da região. Em 1994 nascia em São Gabriel da Palha o Cooabricredi, que hoje é o Sicoob, considerada a maior cooperativa de crédito do Brasil.
A expansão do Café
Dário Martinelli foi um dos responsáveis pela expansão do conilon em terras gabrielense. Na época o presidente do Estado, Jerônimo Monteiro conseguiu no Rio de Janeiro 2 mil mudas e 50 litros de sementes de café conilon que foram distribuída no sul e centro -oeste do Estado, mas o plantio de café arábica liderava e o conilon não vingou. Somente em 1971, com a erradicação do café arábica, os agricultores começaram a plantar conilon para efeitos comercial. Em 1974 a produção de café conilon em São Gabriel da Palha era de 200 mil sacas, em 2014 a produção alcançou 1.168.563,000 sacas.
Em São Gabriel da Palha está localizada a sede da maior cooperativa de café do País, a Cooabriel, fundada no dia 13 de setembro de 1963, quatro meses após a emancipação do município de São Gabriel da Palha, 38 cafeicultores constituíram a Cooabriel. O marco aconteceu no antigo cine estrela. Os fundadores: Batista Colombi, José Scalfoni, Cesar Zani, Loclarindo Lorenzoni, Alcides Spadeto, José Teodoro Dias, Mário Bragatto, Gustavo Milbratz, João Colombi, Fernando Mauri, Daniel Pelissari, Stefanio Thomas, Aurélio Bastianello, Aurélio Dalapícola, Mansueto Colombi, José Cavatti, Vicente Colombi, João Cavatti, Placindino Angelo de Freitas, Domício Pinaffo, Miguel Piekarz, Sebastião Toniato, Elizeu Scalfoni, Ailton Cavatti, José Mauri, Ernesto Catani, Tranquilo Uliana, João Colombi Sobrinho, Alcindo Lorenzoni, Alcino Carletti, João Batista Bastos, Instituto Comboniano de São Gabriel, Izauro Montovalnelli, Zelindo J. Trêz, Anastázio Pinaffo, Joventino de Souza, José Pereira Irmão e Fideliz Marchesi.
Além de grande mentor da criação da Cooabriel, Padre Simão Civalero, então pároco de São Gabriel da Palha, foi eleito o primeiro presidente (1963-1965) da entidade. Em seguida foi o Padre José Simionato (1965-1967); seguido por Gustavo Milbratz (1967-1972); Archângelo Laurindo Lorenzoni (1972 – 1974); Aurélio Bastianello (1974–1982); Wanderlino de Medeiros Bastos (1982-1984) Antônio Joaquim de Souza Neto (1984-1993) Dário Martinelli (1993-1999); José Colombi Filho (1999-2002); Antônio Joaquim de Souza Neto (2002-2018) e Carlos Bastianelo (atual presidente). *Texto: Vinícius Faria Mattos /Jornalista e Membro do Instituto Histórico São Gabriel da Palha.